Volume 4, Issue 3, p. 53-56, December 2021

Doi: https://doi.org/10.32435/envsmoke.20214353-56

Environmental Smoke, e-ISSN: 2595-5527

 

A leading multidisciplinary peer-reviewed journal

 

Short Communications:

 

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COM ANIMAIS TAXIDERMIZADOS COMO FERRAMENTA SENSIBILIZADORA PARA EVITAR ATROPELAMENTOD E ANIMAIS SILVESTRES
ENVIRONMENTAL EDUCATION WITH TAXIDERMIED ANIMALS AS AN AWARENESS-RAISING TOOL TO PREVENT THE DEATH OF WILD ANIMALS ON THE ROADS

 

Rogério dos Santos Ferreira1(https://orcid.org/0000-0002-7099-8035); Glauber Travassos Freire Sarinho2 (https://orcid.org/0000-0003-0561-3044); Beatriz Holmes Almeida3 (https://orcid.org/0000-0002-6936-5927) Samuel Anthony Fonsêca de Melo4 (https://orcid.org/0000-0003-2186-7132)

 

 

¹Geógrafo (UFPB). Especialista em Politicas Ambientais (lEEB). Mestre em Gestão Ambiental (PRODEMA). Doutor em Geografia (UFPB)

 

²Ecólogo (UFPB). Graduando em Biologia (IFPB)

glauber_gt@hotmail.com

 

³Técnica em Meio Ambiente (IFPB). Graduanda em Gestão Ambiental (UNIPE)

beatrizholmes2@gmail.com

 

4Graduando de engenharia ambiental (UFPB)

fsamuelanthony123@gmail.com

 

*Corresponding author: rogerioferreira.ambiental@live.com

 

Recebido em: 16 Oct. 2021

Aceito em: 25 Nov. 2021

Publicado em: 30 Dez. 2021
 

License: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

 

Resumo

A presente atividade pratica de pesquisa se propôs a avaliar o uso dos animais taxidermizados e cenário de atropelamento montado, como prática em Educação Ambiental para sensibilização dos motoristas no combate ao atropelamento de fauna nas rodovias urbanas de João Pessoa-PB. Este estudo foi realizado em novembro de 2021, no Parque Zoobotânico Arruda Câmara. Sendo abordados cerca de 300 visitantes, em três dias de atividades. Foram utilizados as especies: Gato do Mato; Cachorro do Mato; Iguana; Preguiça; Cobra; etc. Todas especies comumente atropeladas. Durante as abordagens verificou-se a falta de sensibilidade e o surgimento do animal no transito intenso. Existindo á necessidade de sensibilização em formato visual e intervenções de engenharia nas estradas que cortam as áreas verdes.

 

Palavras-chave: animais silvestres, atropelamento de animais, educação ambiental

Abstract

 

The present practical research activity proposed to evaluate the use of taxidermied animals and a scenario of trampling assembled as a practice in Environmental Education to raise awareness of drivers to combat the trampling of wildlife in the urban roads of João Pessoa-PB. This study was carried out in November 2021, in the Zoobotanic Park Arruda Câmara. Approximately 300 visitors were approached during three days of activities. The following species were used: Forest Cat; Forest Dog; Iguana; Sloth; Snake; etc. All species commonly run over by cars. During the approaches, we verified the lack of sensitivity and the appearance of the animal in heavy traffic. There is a need to raise awareness in visual format and engineering interventions on the roads that cut through the green areas.

 

Keywords: wild animals, running over animals, environmental education

Resumen

La presente actividad de investigación práctica propuso evaluar el uso de animales taxidermizados y el escenario de atropello montado como una práctica de Educación Ambiental para la sensibilización de los conductores en la lucha contra el atropello de la fauna silvestre en las vías urbanas de João Pessoa-PB. Este estudio se realizó en noviembre de 2021, en el Parque Zoobotánico Arruda Câmara. Se abordaron aproximadamente 300 visitantes, en tres días de actividades. Se utilizaron las siguientes especies: Gato do Mato; Cachorro do Mato; Iguana; Preguiça; Cobra; etc. Todas las especies suelen ser atropelladas por los coches. Durante las aproximaciones se comprobó la falta de sensibilidad y la aparición del animal en el tráfico intenso. Es necesario sensibilizar en formato visual e intervenciones de ingeniería en las carreteras que atraviesan las zonas verdes.

 

Palabras clave: animales salvajes, atropellos, educación ambiental

1 Introduction

 

Em termos de intevenção humana na natureza, as estradas construídas no meio urbano, recortando áreas florestais e resquicios de vegetação, mesmo sendo importantes para o crescimento de qualquer localidade e do país, está diretamente ligada, como procura destacar Fearnside (1989; 1990) a degradação do meio ambiente e sua consequente saúde ambiental.

 

Apesar dos prejuisos ecológicos, ecossistêmicos e dos serviços resultantes desta interação prestados pela natureza a qualidade de vida e bem estar humano, somente nos últimos anos é que esta temática do “atropelamento de fauna” vem sendo foco de pesquisas (TROMBULAK; FRISSEL, 2000 BANDEIRA; FLORIANO, 2004).

 

Conforme estudos realizados pelo Centro Brasileiro de Estudos de Ecologia de Estradas - CBEE (2014), estimativas mostram que mais de 15 animais silvestres são mortos a cada segundo nas estradas brasileiras. Neste caso, são cerca de 1,3 milhões de animais ao dia. Com mais de 475 milhões de animais mortos ao final de um ano (CBEE, 2014). Sendo considerado por Kiekebush (2011) a segunda maior causa de perda de biodiversidade da fauna. Sendo visto como primeira causa , por Kiekebush (2011), a redução de ambientes naturais.

 

Neste sentido, este trabalho tem como o objetivo descrever a experiência de uso dos animais taxidermizados com ocorrência em João Pessoa-PB, acompanhado de um cenário de estrada, montado para produzir um maior envolvimento e oportunidade de fala dos visitantes do Parque Zoobotânico Arruda Câmara, neste período do experimento. Sendo utilizados para a realização de tal experimento as especies: Gato do Mato (Leopardus guttulus); Cachorro do Mato (Cerdocyon thous); Iguana (Iguana iguana); Teiu (Tupinambis merianae); Furão (Mustela putorius); Preguiça (Bradypus variegatus); Cobra Giboia (Boa constrictor); Tatu (Euphractus sexcinctus), enquanto especies das mais atropeladas nos limites municipal.

Com oportunidade agregada, dado a situação de aproximação voluntária das pessoas, de contribuir com o entendimento da questão e divulgação do Sistema de Monitoramento e Cadastro de animais atropelados em todo o território nacional, denominado de “Sistema Urubu”.

 

2 Materiais e Métodos

 

O presente estudo foi realizado na entrada do Parque Zoobotânico Arruda Câmara (Parque da Bica) (Figura 1), Em João Pessoa, Capital do Estado da Paraíba, local de visitação de pessoas, sendo a grande maioria condutores de veículos oriundos da propria Cidade e de outras região do País.


Figura 1: Exposição montada na entrada do Parque da Bica. 2021.
Access on: https://drive.google.com/file/d/1bkjGCKY_8jd7ph6tjPg_k5mFv3_RC1lp/preview

 

A operacionalização deste trabalho de estudo e pesquisa ocorreu na semana de divulgação do Sistema Urubu, denominado Dia Nacional do Urubuzar, mês de outubro de 2021. Contando com o considerável número de pessoas que visitaram o Parque Zoobotânico neste período, dentre eles, em sua grande maioria condutores de veículos. Sendo feito as abordagens com dialogos informativos, cartazes, folderes e banners, assim como coletas de informação durante as abordagens aos visitantes do espaço de exposição.

 

Fizeram parte deste estudo cerca de 300 entrevistados, que possuíam idade média entre 18 e 60 anos, de ambos os sexos, com todos identificados como fazendo uso de veícuos para se locomoverem. As entrevistas realizadas foram baseados na pequisa-ação que, para Michel Thiollent (1986) e Tripp (2005) é uma estratégia utilizada na área educacional, por possuir dimensão e possibilidade de interlocução com os atores sociais diretamente envolvidos.

 

Sendo, no caso do seu objetivo prático, ser utilizado para levantamento de soluções e possibilidades de ações relacionadas ao objeto de estudo em questão.

Optou-se pela aplicação do diálogo direto, como forma de abordagem e coleta de informações, possibilitando, pela metodologia da pesquisa-ação utilizada, maior flexibilidade, com possibilidade do entrevistador esclarecer a informação, reperir e dialogar. O que oportuniza, neste caso, também para entrevistador, obter dados que não se encontram em fontes documentais porém relevantes para a pesquisa. Sendo utilizado, de acordo com Oliveira (2013) com todos os tipos de pessoa, independente de grau de escolarização.

 

3 Resultados e Discussão

 

O uso dos animais taxidermizados em um cenário construído de rodovia como proporcionador visual da realidade nas estradas, buscou aplicar o que define Forgus (1971, p. 1, 2) como sendo: “(...) o processo de extrair informação” a partir da “recepção, aquisição, assimilação e utilização do conhecimento”. Sendo este o fato real ocorrido quando os transeuntes se deparavam com a cena construida, buscando buscando entender aquilo que estavam presenciando. O que para Morin (2000, p. 20), pode ser definido como sendo: “[...] todas as percepções são, ao mesmo tempo, traduções e reconstruções cerebrais com base em estímulos ou sinais captados e codificados pelos sentidos”. No caso do uso dos animais e do cenário de uma estrada, tornaram a questão dos atropelamentos de animais silvestres, dentro do contexto da percepção visual e informacional (Ferreira, 1997), o sentido dos vistantes mais confiável. O que para Skinner (1957) pode ser apontado como a Teoria da Cópia, ou uma alternativa para explicar a percepção real ausente. No caso, substituida pela interpretação proveniente do contato com o mundo, ou nesta interação artificial, formador de uma “cópia mental” (Skinner, 1957).

 

Durante os diálogos com os trauseuntes visitantes do cenário criado, pode-se perceber e avaliar as diversas e contraditorias opiniões, informações e reflexões repassadas pelos mesmo, diante de uma mesma cena e conteúdo exposto. Validando o que procura destacar Faggionato (2009) quando destaca que a percepção é inerente a cada ser humano. Com cada um buscando perceber, reagir e responder a mesma cena ou estimulo de forma diferente. Sendo posto pelo mesmo Faggionato (2009) a questão dos valores pessoais adquiridos ao longo da formação de vida (cultural, religiosa, educacional, classe social, grupos e tribos entre outros) o qual vai pertencendo o individuo e que acabam por influenciar diretamente na sua forma de expressar atitudes e pensamentos distintos sobre o mesmo cenário.

 

Neste caso, as respostas aos estímulos ofercidos pelo cenário montado e as falas dos educadores ambientais, os mesmos, condutores da informação previa básica e reflexão, foram bastante variadas. Considerando inclusive, ser tratar de um assunto pouco debatido e propagado entre os entrevistados. A maioria dos “fedebacks” obtidos a partir das intervenções educativas realizadas, foram de forma positiva para a iniciativa. Demostrando, no geral, um cenário de resultado positivo tanto para o uso do Sistema Urubu enquanto contribuidor tecnologico da causa em questão, quanto pela iniciativa despertada fisica e realmente das pessoas para a diminuição dos atropelamentos na rodovia.

 

A necessidade de preservação do planeta, nestas falas, foi uma constante na maioria das falas. Existindo também quem se posiciona-se contrário a iniciativa de sensibilizar para a prática do não atropelo, pela questão tanto da necessidade em se ter aque avançar sobre o ambiente destes animais, como para aumento dos espaços urbanos e consequente transferência dos mesmos para um ambiente mais seguro. Sendo dito por estes menos sensivel a causa levantada, de não se ter muito o que fazer quando os animais saem das matas e invadem o asfalto. Alegando estes, se tratar de lugar proprio para os carros trafegarem e não para os animais estarem passeando livres e protegidos.

 

O que, neste caso, mesmo sendo uma minioria, é uma parcela da população que contribui, com sua forma de percepção não sensivel a causa da preservação, para a manutenção da degradação ambiental e consequentemente a não pratica e propagação da educação ambiental como ferramenta de garantia da saúde ambiental, da qualidade de vida e bem estar humano neste nosso único e necessário planeta de morada.

 

REFERÊNCIAS

 

BANDEIRA, C.; FLORIANO E. A. Avaliação de impacto ambiental de Rodovias. Caderno Didático nº 8, 1ª ed./ Clarice Bandeira, Eduardo P. Floriano. Santa Rosa, 2004.

 

CENTRO BRASILEIRO DE ESTUDOS EM ECOLOGIA DE ESTRADAS. Atropelômetro. 2014.

 

FEARNSIDE, P. M. Rondônia: estradas que levam à devastação. Revista Ciência Hoje. v.11, n.61, p.47-52. 1990. IUCN. 2014.

 

FORGUS, R. H. Percepção: o processo básico do desenvolvimento cognitivo. São Paulo: Herder, 1971.

 

KIEKEBUSCH, A. Uma estrada amiga dos animais. CRBiodigital. Vitória, Conselho Regional de Biologia, 2011. Disponível em: http://www.crbiodigital.com.br/portal?txt=3977313732. Acesso em: 27 de dezembro de 2021.


MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 2. ed. São Paulo: Editora Cortez, 2000.

 

SKINNER, B. F. Verbal behavior. New Jersey: Prentice-Hall, 1957.

 

TROMBULAK, S.C.; FRISSEL, C.A. Review of ecological effects of roads on terrestrial and

aquatic communities. Conservation Biology, 14: 18-30, 2000.

 

THIOLLENT, M. Metodologia da Pesquisa-Ação. São Paulo: Cortez, 1986.

 

TRIPP, D. Pesquisa-ação: uma introdução metodológica. In: Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 3, p. 443-466, set./dez. 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ep/ v31n3/a09v31n3.pdf. 27 de dezembro de 2021.